13 janeiro 2010

FIEL

Não sou uma grande fã dos sonetos do Vinícius de Morais, ach que de certa forma viraram lugar-comum para explicar vários estados de espírito.
Mas uma leitura mais atenta permite diferentes interpretações.
O Soneto da Fidelidade, por exemplo.
Ele afala sobre o amor ou a idéia central dele é que tudo acaba um dia?
Soneto da Fidelidade
Vinícius de Moraes

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


E a Fidelidade, alguém sabe? Alguém viu? Ou pelo menos a localizou no soneto?

Utilizando esse enorme nariz de cera (vulgo encher linguiça antes de entrar no assunto propriamente dito), vamos ao que interesse.
Esses dias o assunto FIDELIDADE foi abordado em diversas conversas com amigos e amigas.

Minha conclusão:
Quando nos propomos a um relacionamento, temos de ser fiéis.
Mas não porque a sociedade manda, a família exige, a consciência pesa.
Não por convenção (seja de que natureza for), mas por convicção mesmo.
Eu sou do tipo que acredita demais naquela história de "fazer o que se tem de fazer". Ou não fazer.
Mas por que não fazer?
Porque não dá vontade.

Se essa vontade aparecer, o justo é que, antes de se quebrar esse pacto entre nós e nós mesmos, esse iminente fim de caso (eu não consigo conceber um relacionamento sem fidelidade) fique claro para a outra pessoa da relação antes das coisas começarem a acontecer. Que essa outra pessoa tenha o direito de saber antes e possa cair fora antes de presenciar o sangue de seu parceiro ferver por outra pessoa (porque também não posso conceber uma pessoa cuja cara-metade trai e ela aceita. Compromete-se muito amor próprio por conta disso, e realmente não vale a pena).
Porque depois, quando a situação se torna irreversível, a tentativa de se "poupar" a outra pessoa só a machuca mais.
Porque atitude, postura e respeito (por si mesmo e por quem está a seu lado) são tudo nessa vida.
Porque se acontecesse comigo, seria assim que eu agiria.

E é assim que eu gostaria que agissem comigo.
Simples assim.
No fundo, a vida é simples, a gente que complica.
E sim, eu acredito que todo amor é infinito - até mesmo quando não dura muito.

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