19 junho 2007

VIDA DE CACHORRO

Hoje, vindo ao trabalho, em pleno Rodoanel, vi um cachorro.
Lá naquela faixa central.
Parecia um cocker, de rabinho curto, mas era um pouco maior e com orelhas mais curtas.
Acho que estava perdido, parecia estar aflito, mas não desesperado.
Mancando de uma pata.
... Com coleira no pescoço...

Venhamos e convenhamos.
Sozinho ele não chegou lá.
Não duvido nada que tenha sido abandonado para morrer atropelado.
Ou simplesmente morrer.
Ou só sumir, como se nunca tivesse existido na vida do seu dono.

Dói ver isso e não poder fazer nada.
Principalmente porque estava indo para o trabalho.
Sinceramente, desejo que perca metade do fígado o cidadão que dispõe e descarta um ser vivo com sentimentos dessa forma.
E, na boa, ainda é pouco.


Eu gosto muito de cachorro vagabundo
Que anda sozinho no mundo
Sem coleira e sem patrão
Gosto de cachorro de sarjeta
Que quando escuta a corneta
Sai atrás do batalhão

E por falar em cachorro
Sei que existe lá no morro
Um exemplar
Que muito embora não sambe
Os pés dos malandros lambe
Quando eles vão sambar
E quando o samba está findo
Vira-lata esta latindo a soluçar
Saudoso da batucada
Fica até de madrugada
Cheirando o pó do lugar

E até mesmo entre os caninos
Diferentes os destinos
Costumam ser
Uns têm jantar e almoço
E outros nem sequer um osso
De lambuja pra roer
E quando passa a carrocinha
A gente logo adivinha a conclusão
O vira-lata, coitado
Que não foi matriculado
Desta vez "virou"... sabão
Carmen Miranda, "Cachorro Vira-Lata"
COMENTÁRIO: O desejo de que o cidadão perca metade do fígado é totalmente autêntico.

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