03 outubro 2008

É SÓ SAUDADE MAS DÓI TANTO...


Foi há tanto tempo, mas parece que foi ontem...






Querida Alanis,

Demorei um pouco para escrever, pois as coisas ainda estão um pouco estranhas na minha vida desde que você foi embora. Sua carinha povoa mais do que nunca os nossos pensamentos, nossos corações, nossos sentimentos. Eu choro, seu pai chora, seus avós choram, nossos amigos mais próximos choram sua partida prematura.

Fiquei triste por você ter ido embora tão cedo, mais triste do que nunca pensei que ficaria. Meu coração perdeu um pedaço tão grande, acho que nem eu sabia que você ocupava tanto espaço. Mas ao mesmo tempo me senti muito privilegiada por ter tido você na minha vida.



Você que me ensinou tanta coisa com seus olhos, com suas atitudes, você que sentia tudo que eu sentia, que ria minhas risadas e entendia as minhas lágrimas – como chorei no seu ombro, meu amor! Quando ninguém mais me entendia, você estava lá, sempre pronta a me entender, me ouvir e me consolar. Você e seu rabo de helicóptero, sua cara de foto estourada em que vemos só os olhos e o focinho, pretinhos. Os cafunés nos seus “cabelos”, os carinhos na orelha, coçadinhas na barriga, brincadeiras na grama, banhos mornos e toalhas macias, tudo que te fazia ronronar.

Você, que encantou um diretor de redação a ponto dele pedir que toda a sexta-feira você viesse à editora para conversarem em “argentinês”, uma língua que você só falava com ele. E que ele fez questão que você fizesse um ensaio fotográfico com roupinhas e apesar do fundo branco, foi a que melhor apareceu nas fotos.



Você nunca me disse não. Nem talvez.Você era a querida do SIM, do SEMPRE, do PRA SEMPRE...Você sentia dor nos vários curativos que teve de fazer ao longo da vida (quem mandou ser estabanada assim?), mas nunca mostrou os dentes para mim.

Você se atracou com alguns cachorros durante sua vida e a forma que sempre usei para separar você dos outros era colocar meu braço em sua boca. E você nunca, nem por engano, me mordeu.



Você que passou a ser meu sobrenome... Adriana? Qual delas, são tantas... Mas Adriana da Alanis sou só eu...



Dormiu por anos na minha cama, foi minha companheira quando eu, sozinha, ia passar fins de semana no sítio. Correu muito comigo, viajamos, passeamos, você sempre sentada ao meu lado na picape. Passamos medo em tempestades – querida, você tinha tanto medo de raios quanto eu! -, nos abraçamos e vimos a tempestade e o tempo abrir juntas.



Você derrotou a piometra e se recuperou tão rápido, quase a jato.



Você derrotou o câncer de pele, mas a doença fez com que você não pudesse mais tomar sol. Você sempre foi rebelde, mas entendeu o que eram aqueles fios na sua barriguinha e não arrancou um que fosse! Sua nova vet ficou feliz com sua recuperação, você nos emocionou com sua vontade de viver, de sarar, de poder correr com seus irmãos. Aí conseguimos roupinhas de seu tamanho GGGGGG e você resolveu escapar do sol.



É tão injusto que pessoas tenham tirado você de mim.



Você nos defendeu duas vezes deles, mas infelizmente eles descobriram seu ponto fraco: como eu, você é muito gulosa... Não resistiu àquela comida caindo do céu e devorou tudo antes que seus irmãos chegassem perto.



Eu te vi, linda, descansando.Você estava muito calma, deitada onde eu pedi que ficasse quando o sol batesse: à sombra das bananeiras. Com seu pijama cor de rosa, deitada de lado, como se estivesse dormindo. Eu te chamei e você não veio. Chorei, gritei e você não veio. Só assim para eu ter certeza de que você nunca mais viria... E como isso doeu, minha branca! Foi a maior dor que já senti em minha vida...



Durante sua recuperação, em que levamos todos os colchões para a sala, cobrimos tudo com lençóis e passamos o fim de semana todo na sala dormindo, eu acordei chorando, de medo de um dia te perder... Eu chorava e você conversava com seu pai, pois não entendia porquê eu chorava se você já estava firme e forte (com pontos fresquinhos na barriga, veja só essa cachorrinha!). Aí como eu não te escutava, você prometeu para seu pai que nunca me deixaria.
Como sua ausência dói, minha querida!



Você foi a minha primeira cachorra, a que ensinou para mim como cachorro é MESMO tudo de bom!



Eu te ensinei algumas coisas, mas as lições mais importantes, quem aprendeu fui eu.



Obrigada, linda!



Eu vivi melhor porque um dia você existiu.
Eu sou hoje uma pessoa melhor por causa do seu amor, de sua compreensão, de sua paciência.


Espero que meu amor também tenha feito com que sua vida tão curta tenha sido especial.
Você foi amada demais, branca.
Eu juro, te amei como jamais amei ninguém na minha vida.
Tenha certeza disso.
Muitos beijos, mais do que todos que trocamos nesse tempo em que estivemos juntas.
Muitos abraços, mas longos e quentes do que aqueles que compartilhamos nas noites frias de céus muito estrelados.
E me espera, porque eu vou sempre esperar pelo nosso reencontro.
Adri

Foi em 25/09/2005, mas até hoje dói tanto...



É só saudade
(Ludov)


É só saudade, mas dói tanto quanto amor
É só teu rosto que aparece no televisor
De dias frios se faz a tristeza do mundo e aqui
De meus olhos posso ver o mar

É só saudade, mas dói tanto quanto te olhar
Dói como fome, como falta do que respirar
De tão perto, te fiz longe de mim
Mudo os canais a me procurar



Se eu pudesse te ter
Se eu pudesse te ter
Se eu pudesse te ter, tentaria te perder
Agora é tarde demais
Agora é tarde
É só saudade
Tarde demais

Hoje eu tô triste. Melancólica.
E com saudade da branca...
*suspiro*

Um comentário:

Cris (Fashion Club Extra) disse...

Nossa Dri, até chorei quando li seu relato profundo de amor incondicional pela Alanis. Eu concordo com vc, realmente é uma dor sem tamanho, esse ano foi super dificil aqui em casa, pois perdemos nossa gatinha de uma forma trágica (caiu do 8o andar do meu apê, mesmo com tela e janela de vidro), pois é, ninguem acredita até agora. Mas muitas pessoas não entendem nosso sofrimento, falam que é apenas um animal....tenho até raiva de ouvir isso, são mediocres mesmo e que não fazem questão de provar esse sentimento sem igual, nem dou bola...amo mesmo de paixão, jamais vou esquecer e choro sempre que penso, pois com certeza a sintonia era total!! bjus, Cris